Polícia
Denúncia de abuso de autoridade da Polícia possui duas versões
Contradição entre relato da família e nota policial sobre o caso

Com duas versões, uma denúncia de abuso de autoridade por parte de policiais no bairro do Benedito Bentes é marcado por cortes profundos no braço de uma mulher, um chão ensanguentado e o uso de spray de pimenta. O caso ocorreu na quarta-feira (09) e foi relatado por uma família à imprensa entra em contradição com nota da Polícia.
Na versão contada por testemunhas, três pessoas estavam na frente de uma casa, quando uma guarnição da polícia militar chegou para realizar uma revista e, já durante a primeira abordagem, teria sido truculenta.
Uma mulher que presenciou a cena relatou que estava a caminho da casa para pegar um suco quando viu seu marido sendo revistado ao lado da filha. Durante a abordagem, a sogra dela, mãe do homem abordado, afirmou que ele não tinha dívidas com ninguém. Os policiais então pediram que a mulher entrasse na casa.
"Eles atacaram minha sogra, disparando spray de pimenta e empurrando-a. O spray atingiu também eu e minha filha de 1 ano", contou a testemunha, que pediu para ter sua identidade preservada. Ela ainda relatou que sua sogra foi empurrada contra uma porta de vidro, que se quebrou, causando um ferimento profundo no braço da mulher, deixando sangue espalhado pela porta, chão e paredes.
Em um áudio atribuído a um dos policiais, a família teria recebido ameaças. O suposto policial afirmou saber onde eles moram e advertiu que, caso denunciassem à imprensa, o caso seria levado ao tribunal. “Se sair uma reportagem dizendo que foi a gente que causou isso aqui, o processo vai ser aberto…”, diz o áudio.
Entretanto, em imagens que circulam pelas redes sociais contestam a versão da família, que acusa os agentes de terem cometido abuso de autoridade durante abordagem. No vídeo mostra a mulher, com o braço cortado, trancada do lado de dentro da sua casa, bastante alterada e proferindo diversos xingamentos e ameaças contra os policiais.
O vídeo, que mostra parte da situação, expõe a mulher trancada dentro da sua casa, enquanto que os policiais estão do lado de fora, aparentemente, tentando contornar a situação. A moradora aparece nas imagens com o braço cortado, e sangrando bastante. Cacos de vidro, que seriam da porta da residência, aparecem do lado de fora da casa, o que evidenciaria que a própria mulher poderia ter se cortado ao tentar quebrar o vidro da porta para conseguir sair.
É possível ouvir, também, diversos xingamentos e ameaças que a mulher, visivelmente alterada, faz contra os policiais. Em dado momento ela fala “Você vai se f*der” e, ainda: “Vai sobrar pra você!”, tudo isso enquanto uma enorme quantidade de sangue jorra do corte em seu braço.
De acordo com família, na ocasião, os policiais teriam entrado na casa da vítima sem autorização e torturado a mãe e um dos filhos. A mulher teria sido arremessada contra a porta e cacos de vidro provocaram os cortes no corpo, inclusive no pulso.
Em nota, a Polícia Militar disse que a própria mulher teria dado socos no vidro cortando o pulso e devido a esse motivo o local ficou coberto de sangue. Veja a nota na íntegra:
A Polícia Militar de Alagoas (PM-AL) vem a público prestar esclarecimentos a respeito da ocorrência registrada na noite dessa quarta-feira (09), no Conjunto Carminha, no Benedito Bentes, em Maceió.
Equipes da Companhia de Raio realizavam patrulhamento e abordagens de rotina quando avistaram um jovem com um volume suspeito na cintura. Diante da chamada fundada suspeita, foi realizada a abordagem e revista pessoal. Nesse momento, a mãe do abordado, visivelmente alterada, tentou interromper a ação policial, agindo com comportamento extremamente hostil, de forma desrespeitosa e agressiva.
A PM enfatiza que, em nenhum momento, a mãe foi abordada. Nada de ilícito foi constatado na abordagem pessoal ao rapaz. Na tentativa de conter os ânimos, a mulher foi conduzida para o interior da residência. Tomada pela fúria, desferiu socos contra as vidraças do imóvel, cortando o pulso, perdendo grande quantidade de sangue. Uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) foi acionada pelos policiais e prestou atendimento pré-hospitalar à ferida.
Um dos filhos relatou que ela teria perdido o controle ao ver o outro filho sendo abordado. A mulher foi levada para atendimento no Hospital Geral do Estado (HGE), onde foi constatado seu estado de embriaguez. Os envolvidos foram encaminhados à Delegacia de Polícia Civil, onde foi confeccionado o Boletim de Ocorrência para posteriormente haver a lavratura de um Termo Circunstanciado de Ocorrência por desacato.
A PM-AL se coloca à disposição para prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários.
*Com agências
