Polícia
“Perdi meu amigo, minha paz, minha vida”: sobrevivente do serial killer de Alagoas quebra silêncio em júri popular
Ruan trabalhava como moto uber quando foi surpreendido pelo serial killer

No banco das testemunhas, a voz embargada de Ruan Vinícius da Silva expôs ao júri e ao país o rastro de dor deixado pelo homem acusado de aterrorizar Maceió: Albino Santos de Lima, conhecido como o serial killer de Alagoas. Ruan sobreviveu ao ataque em que seu amigo, Emerson Wagner da Silva, foi morto a tiros no bairro da Ponta Grossa, em junho de 2024. Nesta sexta-feira (11), ele emocionou a todos ao relatar os traumas que carrega desde aquela noite.
“Eu tô abalado, até agora tô abalado. Perdi meu amigo”, disse Ruan, visivelmente comovido. Segundo seu depoimento, ele trabalhava como moto-uber por volta das 21h30, quando se encontrou com Emerson. O acusado, segundo Ruan, já os acompanhava de longe. Ao se aproximar, Albino disse que era policial. Em seguida, se distanciou, mas logo retornou e disparou dois ou três tiros contra Emerson. Ruan conseguiu correr e escapar dos disparos.
Perdi três empregos”, contou. Dois por conta do trauma psicológico e um porque precisou prestar diversos depoimentos na delegacia. Ele também relatou que seus pais deixaram a casa onde moravam por medo de represálias. “Fiquei morando só. Só durmo trancado. Estou fazendo terapia.”
Ruan negou veementemente qualquer envolvimento dele ou de Emerson com o tráfico de drogas. Durante o depoimento, pediu ao juiz que o advogado de defesa se afastasse fisicamente, por se sentir intimidado com a proximidade. O pedido foi negado, sob a justificativa de que o defensor estava apenas cumprindo seu papel legal.
O julgamento acontece na 8ª Vara Criminal da Capital, no Fórum Desembargador Jairon Lima Fernandes, em Maceió, e é acompanhado por familiares das vítimas, estudantes de Direito, membros da sociedade civil e imprensa.
